‘Adoro meu trabalho, mas é só um trabalho’: criadores de conteúdo em redes sociais e imaginários profissionais
DOI:
https://doi.org/10.5294/pacla.2022.25.4.4Palavras-chave:
Análise qualitativa, criadores de conteúdo digital, imaginários profissionais, radio en Internet, meios sociais, neoliberalismo, redes sociais, trabalho, trabalho emocional, YouTubeResumo
O objetivo deste artigo é analisar os discursos dos criadores de conteúdo em redes sociais (youtubers, streamers, instagramers, influencers) sobre seu trabalho para entender como personificam, conectam e ajudam a construir os imaginários profissionais contemporâneos. Diversos autores indicaram como o mundo do trabalho vem sofrendo importantes transformações que supõem um avanço na precarização, casualização e intermitência no contexto profissional. Os criadores em redes sociais são apresentados como exemplos desse novo mundo do trabalho, em que se juntam a flexibilidade e a busca da realização pessoal como substitutos da remuneração econômica. Este artigo pretende responder às seguintes perguntas: como os criadores de conteúdos digitais e os meios de comunicação representam sua atividade profissional? e como esses discursos são relacionados com os imaginários profissionais contemporâneos? Para isso, é analisada qualitativamente uma amostra de 40 vídeos publicados entre 2015 e 2022 nos quais 11 criadores de conteúdo espanhóis falam explicitamente sobre seu trabalho. Por meio de uma análise qualitativa temática, são identificados padrões recorrentes de significado. A análise mostra que, embora inicialmente os criadores de conteúdo tenham falado de seu trabalho mediante discursos entusiastas, que desatacam sua “paixão pelo trabalho”, nos últimos anos, encontramos discursos mais contraditórios. Os criadores falam abertamente sobre o custo de seu trabalho, caracterizado pela intensificação, a confusão entre vida pessoal e profissional, e o trabalho emocional.
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