Do mito do Narciso à selfie. Uma arqueologia dos corpos codificados
Palavras-chave:
Imagem, fotografia, história, selfie, linguagem (Fonte, Tesauro da Unesco).Resumo
Na contemporaneidade, assistimos à busca por parte dos novos meios de suas próprias identidades narrativas. Estas vêm acompanhadas, geralmente, de inovadores usos das tecnologias. Nesse sentido, o universo das redes sociais virtuais propõe-nos diferentes modos de contar relatos audiovisuais, além de experimentações com a multimídia, com os videogames e com diversas formas de transmediação. Nesse terreno, coexistem narrativas e usos de velhos meios, convergem e atualizam-se práticas de sentido prévias que se batizam com novas denominações. As redes sociais virtuais encontram-se inseridas em uma dinâmica narrativa do Eu, própria da internet. O sujeito da comunicação —às vezes chamado prosumer— conta geralmente a si mesmo, tem amigos, seguidores e narra a continuidade de sua vida para eles. Ao redor dessas dinâmicas, a imagem ocupa um lugar central. Por isso, a fotografia estabeleceu-se como prática privilegiada nesse espaço.
A selfie —autorretrato— resulta uma narrativa própria das redes sociais virtuais. No entanto, em sua existência e genealogia, participam outras linguagens, como o mito, a pintura, a literatura, a fotografia como arte e diversas incorporações sociais das tecnologias. Esses sentidos são os que nos interessa investigar a partir de uma perspectiva ensaística assentada em um relacionamento bibliográfico arqueológico, para então permitir uma reflexão filosófica de um fenômeno atual pouco explorado, sempre centrando nosso interesse no aspecto comunicacional das dinâmicas sociais que se desdobram mediante esses usos da imagem. Quais são os elementos integrantes de uma imagem produto de um autorretrato para ser compartilhada na internet? Quanto dessa relação pessoal com a própria imagem pertence ao sujeitonatural e quanto ao que se encontra atravessado pela cultura? Para quem está dirigido? O que comunica? O que tem a comunicação a dizer a respeito?
O fenômeno da selfie é relativamente novo, ao menos o suficiente para não se encontrar material acadêmico-científico a seu respeito. O tema interessa à imprensa com relação a práticas juvenis inovadoras, razão pela qual existem artigos jornalísticos que refletem o fenômeno sem aprofundar demais. O presente texto propõe-se como um racconto de informação, historização e ponto de partida para o aprofundamento na pesquisa e na análise do fenômeno daselfie, a partir de uma perspectiva comunicacional.Downloads
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