Nós, o povo? Uma análise automatizada e qualitativa de quem é o povo no Twitter de Jair Bolsonaro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5294/pacla.2023.26.2.1

Palavras-chave:

Democracia, populismo, mídias sociais, Twitter, Jair Bolsonaro

Resumo

Um dos pilares da democracia é sua definição, segundo a qual esse regime representa o governo do povo, pelo povo e para o povo. Assim, a categoria “povo” desempenha papel decisivo nos países democráticos, tanto no nível das instituições quanto no nível simbólico, sendo utilizada como componente dos mais diversos discursos e posicionamentos possíveis no espectro democrático, incluídos aí o populismo e suas vertentes digitais. Neste artigo, investigamos a construção de uma ideia de povo presente nos tuítes de Jair Bolsonaro, a fim de compreender de que maneiras essa construção se dá e que ideia de povo pode ser deduzida a partir das postagens. Avalia-se também se os dados corroboram uma postura populista por parte do perfil oficial do então presidente no Twitter. Para tanto, foi feita uma coleta dos tuítes arquivados no Wayback Machine, os quais continham a palavra “povo”, no período de 31 de dezembro de 2019 a 17 de junho de 2022. Uma checagem foi feita diretamente no Twitter, a partir do uso dos números de identificação coletados para buscar os tuítes. Identificamos que a noção de povo presente no discurso de Jair Bolsonaro no Twitter é indefinida, mas esse povo é conclamado para manifestações e apoio ao político populista, o que gera mobilização e campanha política permanente com foco em desinformação, com apelo à emoção e à religiosidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marco Aurélio Boselli, Universidade Federal de Uberlândia

Professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutor em Ciências pelo Instituto de Física Gleb Wataghin, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Referências

Aggio, C. de O. e Castro, F. (2020). Meu partido é o povo: uma proposta teórico-metodológica para o estudo do populismo como fórmula de comunicação política seguida de estudo de caso do perfil de Jair Bolsonaro no Twitter. Comunicação & Sociedade, 42(2), 429-465. https://doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v42n2p429-465

Albernaz, V. (2019). Análise das características do discurso populista de Jair Bolsonaro nas eleições brasileiras de 2018. Political Observer| Revista Portuguesa de Ciência Política, (12). https://doi.org/10.33167/2184-2078.RPCP2019.12/pp.131-146

Alonso-Muñoz, L. e Casero-Ripollés, A. (2018). Comunicación de los líderes populistas europeos en Twitter: construcción de la agenda y efecto “más es menos”. Profesional de la información, 27(6), 1193-1202. https://doi.org/10.3145/epi.2018.nov.03

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. Editora 70.

Bickerton, C. J. e Accetti, C. I. (2021). Technopopulism: The new logic of democratic politics. Oxford Univ Press.

Bonnin, J. E. (1981). Génesis política del discurso religioso: Pueblo y Populismo en Iglesia y comunidad nacional. Manuscrítica: Revista de Crítica Genética, 17. https://www.revistas.usp.br/manuscritica/article/view/177636

Campos-Domínguez, E. (2017). Twitter y la Comunicación Política. El Profesional de la Información, 26(5), 785-793. https://doi.org/10.3145/epi.2017.sep.01

Da Empoli, G. (2019). Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. Vestígio Editora.

Deiwiks, C. (2009). Populism. Living reviews in democracy, 1, 1-19. https://ethz.ch/content/dam/ethz/special-interest/gess/cis/cis-dam/CIS_DAM_2015/WorkingPapers/Living_Reviews_Democracy/Deiwiks.PDF

Do Nascimento, K. L. (2018). O populismo na perspectiva de Ernesto Laclau: uma alternativa para a esquerda? Revista Estudos Políticos, 9(17), 32-48. https://doi.org/10.22409/rep.v9i17.39849

Do Nascimento, J. F. e Braga, M. do S. S. (2021). Brasil nos tempos de Bolsonaro: populismo e democracia antiliberal. Política. Revista de Ciência Política, 59(2), 79-120. https://www.researchgate.net/publication/357811850_Brasil_nos_tempos_do_Bolsonarismo_populismo_e_democracia_antiliBeral

Dos Santos, V. G. (2019). O desentendimento como característica inerente à democracia. Revista DIAPHONÍA, 5(1), 149-159. https://doi.org/10.48075/rd.v5i1.22782

Ely, C. (2021). Russian populism: A history. Bloomsbury Publishing. https://doi.org/10.5040/9781350095571

Fedotov, G. P. (1942). The religious sources of Russian populism. Russian Review, 1(2), 27-39. https://doi.org/10.2307/125199

Ferreira, F. V., Varão, R. e Boselli, M. (2022). Desinformação sobre a vacina da Covid-19 no Brasil: medição de alcance e impactos das fake news na saúde. Razón y Palabra, 27(114), 122-139. https://revistarazonypalabra.org/index.php/ryp/article/download/1951/1741/7346

Fiorin, J. L. (2009). A construção da identidade nacional brasileira. Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso, 1(1), 115-126. https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/view/3002

Gelado-Marcos, R., Puebla-Martínez, B. e Rubira-García, R. (2019). Twitter, o fim da política bipartidária e a ascensão do populismo. A campanha eleitoral espanhola em maio de 2015. Revista de Sociologia e Política [online], 27(71). https://doi.org/10.1590/1678-987319277107

Gomes, A. (2022). O populismo no Brasil. Estudos Ibero-Americanos, 48(1). https://doi.org/10.15448/1980-864X.2022.1.42806

Herzen, A. (1982). My past and thoughts: The memoirs of Alexander Herzen. University of California Press.

Laclau, E. (2005). On populist reason. Verso.

Leavy, E. (2018). Technopopulism: Movimento Cinque Stelle, Podemos, and the Rise of Digital Direct Democracy. (tese de doutorado). University of North Carolina. https://cdr.lib.unc.edu/concern/dissertations/4x51hj618?locale=en

Maitino, M. E. (2020). Populismo e bolsonarismo. Cadernos Cemarx, 13. https://doi.org/10.20396/cemarx.v13i00.13167

Mudde, C. e Kaltwasser, C. R. (2017). Populism: A very short introduction. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/actrade/9780190234874.001.0001

Müller, J. (2016). What is populism? University of Pennsylvania Press. https://doi.org/10.9783/9780812293784

Ortega y Gasset, J. (1930). A rebelião das massas (F. Denardi, trad.). Vide editorial.

Parzianello, G. L. (2020). O governo Bolsonaro e o populismo contemporâneo: um antagonismo em tela e as contradições de suas proximidades. Aurora, 12(36), 49-64. https://doi.org/10.23925/v12n36_dossie3

Penteado, C. L. de C., Goya, D. H., dos Santos, P. D. e Jardim, L. (2022). Populismo, desinformação e Covid-19: comunicação de Jair Bolsonaro no Twitter. Media & Jornalismo, 22(40), 239-260. https://doi.org/10.14195/2183-5462_40_12

Pipes, R. (1964). Narodnichestvo: A semantic inquiry. Slavic Review, 23(3), 441-458. https://doi.org/10.2307/2492683

Rosseto, G. P. N. (2014). Fazendo política no Twitter: como os efeitos estimados das mensagens influenciam as ações e os usos da plataforma. (tese de doutorado). Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia. https://repositorio.ufba.br/handle/ri/25241

Venturi, F. (1960). Roots of revolution: A history of the populist and socialist movements in nineteenth century Russia. Weidenfeld and Nicolson.

Downloads

Publicado

2023-05-23

Como Citar

Varão, R., Ferreira, F. V., & Boselli, M. A. (2023). Nós, o povo? Uma análise automatizada e qualitativa de quem é o povo no Twitter de Jair Bolsonaro. Palabra Clave, 26(2), e2621. https://doi.org/10.5294/pacla.2023.26.2.1

Edição

Seção

Artículos