“Nenhuma mulher vai caçar nenhum fantasma”: nostalgia totêmica, fandom tóxico e os Caça-Fantasmas
Palavras-chave:
Culturas de fãs tóxicos, Caça-Fantasmas, nostalgia totémica, gênero, nova versãoResumo
Em março de 2016, o trailer da nova versão dos Caça-Fantasma de Paul Feig debutou online e sofreu a infelicidade de tornar-se o trailer mais detestado na história do YouTube. A mídia popular, incluindo os comentaristas amadores, semiprofissionais e profissionais observaram, a partir do escândalo online resultante, que havia uma indicação clara de que existe algo podre no estado do fandom. Feig recorreu frequentemente à câmara de eco das redes sociais para referir-se aos fãs como “alguns dos maiores imbecis que conheci na minha vida”. Dirigindo-se aos fãs que qualificaram a nova versão como uma “destrutora da infância”, Feig avivou o fogo ao criticar tal perspectiva como o produto meramente de “um adolescente doido”, sobre atuado, patológico e talvez, mais explicitamente, “tóxico”. Ao fazê-lo, Feig — e, por extensão, o elenco da nova versão dos Caça-Fantasmas — replicou e reativou os estereótipos tradicionais do fã que ainda mora com a mãe e que se obceca com o entretenimento trivial.
Este artigo encara com seriedade as declarações da “infância arruinada” para examinar o que é que está em jogo para os fãs do filme original dos Caça- Fantasmas. Apesar de que os órgãos da mídia online criticam os fãs como relíquias misóginas e pagãos sexistas, com frequência de maneira agressiva, o que argumento é o apego afetivo e nostálgico dos fãs ao primeiro filme dos Caça-Fantasmas — o “texto cinematográfico primário” (Bernard, 2014) — o que forma um componente crucial das “auto narrativas” (Hills, 2012) e “trajetórias do eu” dos fãs. Baseando-me em trabalhos empíricos sobre “narrações nostálgicas” realizadas no campo da psicologia, argumento que não é simplesmente toxicidade o que impulsiona estes fãs a defender o objeto do fã de ser colonizado por um texto invasor, mas sim o que eu chamo de nostalgia totémica, é uma maneira de protecionismo focado em uma relação afetiva com um texto, usualmente forjado na primeira infância. As ameaças ao objeto totêmico dos Caça-Fantasmas, então, “podem sentir-se como ameaças às auto narrativas destes fãs” (Hills, 2012, p. 114).
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